terça-feira, 28 de abril de 2009

Ensaio sobre um MP3


Hoje, voltando para casa, bombardeado pelas notícias da Gripe Suína, resolvi escutar música no meu celular. Coloquei o fone de ouvido, e escolhi como primeira canção “Deus e Eu no Sertão”, que descobri que era de Victor e Léo só depois que já tinha gostado, ai já não podia “desgostar”. Como sou um pouco louco, fiquei imaginado quantas vezes essa música precisaria tocar para eu percorrer a distancia de Recife a Igarassu. Na falta de um passatempo melhor resolvi contar.
Lá pela quinta vez escutando a canção, comecei a notar que mais da metade do ônibus tinha um fone no ouvido. Comecei a pensar naquela cena, e cheguei a conclusão de que, caso precisássemos ficar numa quarentena por conta da doença do Porco, não iríamos sofrer de solidão, por que , ao que me parece, já vivemos essa realidade.
O uso dos MP3’s, MP4’s, dos celulares com fone de ouvidos, não só demonstra o avanço da tecnologia. Demonstra também a solidão e o egoísmo em que vivemos. Não conseguimos sequer dividir uma música com o próximo. Eu e a minha colega de trabalho, por exemplo, escutamos música o dia todo, porém cada um com o seu fone. E por muitas vezes nem damos conta o que um esta falando com o outro.
Mas tudo isso parece normal. Ser individualista parece ser a tendência do momento. Até que, assim como no filme “Ensaio para Cegueira” , uma epidemia se alastra e nos mostra que somos simples mortais, capazes de morrer com uma gripe.
Nessa altura do pensamento já estava em Igarassu, e perdido completamente as contas de quantas vezes tocou a música do Victor e Léo, e com a certeza de que não saberei nunca, pois precisarei tirar o fone pelo menos por alguns quilômetros, a fim de olhar ao lado e desejar pelo menos um boa noite!
Um abraço a todos!
Os. E se alguém puder contabilizar quantas vezes a música tocaria me faça esse favor, pois pretendo passar um bom tempo sem escutar “casa simplesinha...”

3 comentários:

  1. Ei junião, isso que você falou é muito verdade. Cada um fica em sua redoma de vidro, curtindo lá seu som, curtindo sua individualidade em meio a tantos outros fazendo a mesma coisa. Recentemente vi uma entrevista com o cantor Jorge Vercilo e ele comentou uma coisa que achei bastante interessante: nós aprendemos tudo errado. Não falamos com estranhos, mas às vezes um estranho pode te dizer oque você estaria precisando naquele momento, pode estabelecer uma conversa legal e um monte de outras coisas. O fato de aprendermos a regra de não falar com estranhos é pelo simples fato de que temos MEDO. Medo de morrer, medo de ser assaltado, medo de ser ridicularizado, medo de não ser aceito ... ...medo, medo, medo! Acho que o fato de que a maioria no ônibus e em outros lugares, as pessoas estarem tão individualistas deve-se ao medo, como pelo menos um dos motivos entre tantos que deve ter.

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  2. É isso mesmo meninos...
    E digo mais: é perigoso concentrar-se em fones de ouvido no trabalho. Dia desses li que isso realmente isola a pessoa e pode deixar distraído para as tarefas.

    Por isso que na minha sala eu coloco a música no meu micro para todos.
    hehehe
    :)

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